A história sem fim da Caterpillar

08 February 2021

James (Jim) Umpleby III é o CEO da Caterpillar desde janeiro de 2017, e 23 meses depois foi nomeado presidente do Conselho de Administração da companhia. Graduado em Engenharia Mecânica, o executivo começou sua carreira na Caterpillar em 1980, na divisão que hoje em dia é uma subsidiária conhecida como Solar Turbines.

Sua gestão obteve em 2019 um espetacular faturamento de US$ 54 bilhões, após a implementação de uma nova estratégia corporativa que concentrou muita atenção nos serviços pós-venda, análise de dados, autonomia e conectividade. Em 2020, no entanto, veio o covid-19 com todos os seus impactos. Para surpresa de alguns, mas certamente não de todos, a Caterpillar que sai da pandemia não apenas se manteve, como também aumentou e melhorou suas capacidades.

Covid-19

A rotina diária do CEO da Cat está imersa em reuniões digitais. “Passo a maioria do meu tempo olhando para uma tela em reuniões”, disse Umpleby, revelando que a gestão global de um negócio tão complexo durante a pandemia implica responder perguntas e orientar os líderes locais a cada momento. “Mas em tudo isto há melhorias de produtividade que, francamente, creio que vieram para ficar”.

A situação do trabalho remoto se tornou uma realidade para quase todo o mundo profissional durante o ano passado. Se para a administração a questão poderia ser um desafio, foi ainda mais difícil para corporações industriais que têm instalações produtivas que de fato não puderam parar.

“Se você me perguntasse três anos atrás se seriamos capazes de realizar o trabalho remoto, eu provavelmente teria dito que não. Mas em realidade, não perdemos o ritmo. Utilizamos intensamente o Microsoft Teams. Obviamente, não foi fácil. Empregados das unidades de produção e distribuição continuaram trabalhando em seus locais durante a pandemia, com máscaras, limpeza frequente e desinfecção, distanciamento e turnos alternados. Na parte financeira, entramos na pandemia com um balanço forte, e asseguramos fontes adicionais de liquidez. O mais importante é que fomos capazes de continuar investindo ao longo do ano. Eu não poderia estar mais orgulhoso de nossos empregados”, diz Umpleby.

Um ponto importante para a Caterpillar foi que seus negócios estiveram entre os considerados essenciais em muitas partes do mundo. “As unidades da Caterpillar são consideradas negócios essenciais em todo l ugar. O que é quase óbvio. Sem manter serviços, sem combustível ou motores para caminhões que entregam remédios e comida, sem máquinas que mantenham os sistemas de esgoto, o mundo teria grandes problemas”, afirma.

Digitalização

O trabalho administrativo e os escritórios corporativos se digitalizaram muito durante a pandemia, mas para as empresas fabricantes de máquinas pesadas essa tendência vinha desde há um tempo, dado que já não se pode ofertar produtos para a construção e mineração sem tecnologias digitais.

“investimos muito em capacidades digitais e continuaremos a fazê-lo. Tínhamos o objetivo de chegar a um milhão de ativos conectados, e conseguimos isso em 2019. Quando entramos na nossa estratégia em 2017, os serviços eram um dos três elementos principais. Para nós, serviços são tudo o que fazemos para que o cliente tenha êxito depois de adquirir um primeiro equipamento. Há muito dentro disso. Estamos sempre investindo em novas formas de melhorar a conectividade, seja com o objetivo de evitar paradas não planejadas, maximizar a disponibilidade, maximizar a utilização e tudo o mais. É um caminho sem fim, e continuaremos encontrando novas formas de tornar mais bem-sucedidos os nossos clientes”, diz Umpleby.

No panorama mais geral da introdução de tecnologia nos equipamentos produzidos, uma tendência ganhou mais importância na atividade recente da Caterpillar. São os veículos autônomos, que na mineração tiveram um excelente campo de testes.

“Estamos felizes com o que conseguimos em caminhões autônomos para mineração. Creio que a indústria alcançou um ponto sem retorno na autonomia. Muitos clientes de mineração agora querem frotas de caminhões autônomos. Temos clientes que reportaram publicamente incrementos de produtividade de até 30%. Hoje em dia, temos cerca de 340 veículos autônomos de mineração rodando no mundo. Queremos chegar a 400 até o fim do ano”, diz o executivo.

De acordo com o executivo, há oportunidades para a autonomia e controle remoto na construção, mas sempre considerando que a proposta de valor para um grande caminhão minerador não é a mesma que para uma máquina menor. “Uma variedade de tecnologias – autonomia, semi autonomia, controle remoto – encontrarão suas maneiras de chegar a novos produtos para construção. Mas em alguns casos, talvez não. Será diferente de acordo com o equipamento e o cliente. Somos flexíveis nisto, mas alguns princípios se aplicam. Trata-se de aumentar a segurança no local de trabalho, fazer os clientes mais bem-sucedidos e reduzir os custos operacionais e de propriedade.

Inovações não digitais

Não obstante, um ponto geralmente pouco comentado nestes tempos de rápida digitalização da indústria de máquinas é a inovação constante dos elementos não digitais dos produtos. Porque, de fato, problemas clássicos na mecânica e hidráulica dos equipamentos mais usados nos canteiros continuam a acontecer. Estas seriam áreas ultrapassadas?

“De maneira nenhuma”, diz o CEO da Caterpillar. “Ainda investimos de maneira significativa, tanto em máquinas como em motores, seja em novos produtos ou na sintonia fina de produtos existentes. Há muitas coisas que podemos fazer, como melhorar a potência ou usar combustíveis alternativos. O mesmo vale para os sistemas de transmissão e controle, e a maneira como os integramos para gerar vantagens competitivas e valor para nossos clientes”.

Outra forte tendência de mudança na indústria é a eletrificação dos equipamentos. A Caterpillar já foi objeto de críticas por supostamente apresentar menos resultados na eletrificação que seus principais competidores. O que encontra uma resposta contundente da parte de Jim Umpleby.

“Sempre estamos investindo em novas tecnologias. Nosso trabalho é estarmos prontos para satisfazer as demandas futuras dos clientes. Estivemos e estamos dedicados à eletrificação, temos modelos híbridos há décadas. Não é algo novo para nós. Já lançamos coisas como máquinas elétricas para a mineração subterrânea, e nem sempre falamos publicamente de tudo que fazemos, particularmente na área de pesquisa e desenvolvimento. Mas asseguro que estamos investindo com o objetivo de satisfazer as demandas dos nossos clientes”, afirma.

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Cristian Peters
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